CAROLINA ALVES MAGALDI (Responsável)
Linha de Pesquisa: EQUIDADE, POLÍTICAS E FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO PÚBLICA
Área de Concentração: GESTÃO E AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO PÚBLICA
Data de Inicio: 01/01/2016
Natureza do Projeto: PESQUISA
Situação do Projeto: EM ANDAMENTO
Stuart Hall (2000) apresentou a realidades das identidades culturais pós-modernas: somos seres fragmentados, com identidades múltiplas em constante processo de negociação. Dessa forma, podemos perceber momentos em que identidades individuais priorizam os traços étnicos, ou de gênero, os aspectos nacionais ou de caracterização profissional. Quando essa alternância é feita coletivamente, surgem processos de negociação identitária, em que um grupo precisa construir sua percepção de si mesmos, assim como uma imagem que queiram projetar para a sociedade. Esses processos sempre são permeados pela linguagem. Basta perceber a quantidade de nomenclaturas criadas para definir grupos subrepresentados. No caso da inclusão educacional, por exemplo, tivemos uma evolução de termos, desde ?portador de deficiência?, passando por ?portador de necessidades especiais?, ?pessoa deficiente? e finalmente, ?pessoa com deficiência?. Essa caracterização vai muito além de mera terminologia, ela permeia o processo de lutas de uma comunidade por visibilidade e aceitação. A linguagem também está diretamente ligada à inclusão de estudantes cegos e com baixa visão, por meio do ensino em braile, e ao processo educacional de estudantes surdos, com o ensino em libras. Vale ressaltar que este último exemplo também caracteriza uma negociação identitária, entre a cultura surda e a ouvinte. É, ainda, a partir da linguagem que é construída a dimensão atitudinal da acessibilidade, relacionada à forma com os ambientes e seus atores lidam com as pessoas com deficiência (PONTES; SILVA, 2016). È a partir dessa dimensão que a inclusão pode, de fato, se concretizar. O ensino bilíngue é mais um exemplo concreto de processos de inclusão mediados pela linguagem: ele é fundamental na educação de surdos, com a presença de libras e do português escrito, além de ser uma ferramenta fundamental para a preservação de línguas indígenas e saberes locais em contextos interculturais. Apesar dessa profícua série de exemplos das relações entre linguagem, relações interculturais e inclusão escolar, ainda temos muito a caminhar no sentido de problematizar relações, de forma a construir negociações identitárias saudáveis e não mutuamente exclusivas, bem como espaços escolares verdadeiramente inclusivos.