Especial Dia dos Professores: os desafios e as perspectivas da profissão

Professor e especialista comentam o tema na data comemorativa e falam sobre a importância do profissional para a avaliação

Nesta quarta-feira, 15, comemoramos o Dia dos Professores no Brasil. Segundo o Ministério da Educação (MEC), apenas na Educação Básica são mais de dois milhões de profissionais. Figura central no processo de aprendizagem e conhecimento, o professor é imprescindível também para a avaliação educacional, já que a sua contribuição sobre clima escolar, práticas pedagógicas e de gestão, além de sua formação e experiência, são fundamentais para compreender o desempenho dos alunos.

"(...) o papel do professor é outro, de motivar ideias e projetos entre os estudantes, e envolvê-los" (Foto: arquivo pessoal)

“Se por muitos anos o papel do professor era o de detentor do conhecimento e centralizador da atenção entre os alunos, hoje, por mudanças nas metodologias de ensino e nas perspectivas sobre o aprendizado, o papel do professor é outro, de motivar ideias e projetos entre os estudantes, e envolvê-los”, afirma a especialista em avaliação educacional Juliana Frizzoni Candian, doutoranda em Sociologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

O objetivo das avaliações externas é sinalizar o que deve ser aprendido em cada fase da vida escolar, ou seja, avaliar se o aluno aprendeu aquilo que ele precisava aprender no momento adequado. Nesse contexto, o professor se destaca por articular tanto no processo de ensino quanto de aprendizagem.

“Por um lado, o docente deve ser capaz de refletir sobre o que está fazendo bem ou não; e, por outro, precisa se dedicar para que todos os alunos atinjam aquilo que é considerado adequado para a sua etapa de escolaridade”, pondera Candian.

A especialista explica ainda que, no processo de avaliação externa de determinado sistema educacional, além dos testes aplicados aos alunos, são centrais também as análises contextuais, elaboradas a partir de informações fornecidas nos questionários socioeconômicos respondidos por alunos, professores e diretores. Essas informações mostram o efeito dos fatores intra e extraescolares nos resultados de aprendizado e na qualidade da educação.

“A ênfase na resolução de problemas, o ato de passar e corrigir dever de casa, o nível de exigência e o compromisso do professor com a aprendizagem do aluno são características que, nas pesquisas em avaliação educacional, se relacionam a melhores resultados e indicam que ele é determinante na efetividade da escola”, afirma.

 

Desafios e perspectivas

“Sigo com a crença de que a educação pública é uma ferramenta fundamental para a construção de alternativas de vida”. Essa é a principal motivação do professor Tiago Rattes de Andrade, 31, doutor em História e docente desde 2004.

"É necessário fazer uma grande transformação não só nas condições de trabalho, mas na consolidação de um modelo educacional mais plural, diverso e transformador(...)" (Foto: arquivo pessoal)

Para ele, incentivado pelo fato de ter tido bons professores em todas as escolas que passou das redes municipal, estadual, federal e privada, a valorização dos profissionais é um dos principais desafios enfrentados.

“É necessário fazer uma grande transformação não só nas condições de trabalho, mas na consolidação de um modelo educacional mais plural, diverso e transformador, o que inclui nos responsabilizarmos mais na formulação e implementação das políticas públicas de educação que a sociedade atual vem demandando”, destaca Rattes.

Para Juliana Candian, a valorização do professor, que passa por melhores salários, é algo altamente ligado à melhoria da qualidade da educação, com destaque para a formação do docente. A especialista defende, para que aconteça um ganho de qualidade, ser preciso a Educação Básica priorizada na formação universitária. “Os currículos das licenciaturas devem tratar, de forma efetiva, das práticas de ensino e se aproximar da realidade da educação pública”, diz.

Embora haja problemas, Candian salienta que é possível observar algum avanço nessa direção. O Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em junho deste ano, dá atenção à formação do professor através da Meta 15: “Garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no prazo de um ano de vigência deste PNE, política nacional de formação dos profissionais da educação de que tratam os incisos I, II e III do caput do art. 61 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, assegurando que todos os professores e as professoras da educação básica possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam”.

Atualmente, de acordo com o Censo Escolar, 74,8% professores da Educação Básica têm curso superior e apenas 32,8% dos professores dos anos finais do Ensino Fundamental e 48,3% do Ensino Médio têm licenciatura na área em que atuam.

O dia do professor é comemorado no dia 15 de outubro em homenagem à educadora Tereza D’Avila, que foi canonizada pela Igreja Católica em 1622 como Santa Tereza D’Avila e passou a ser considerada a Padroeira dos Professores. A data foi nacionalmente oficializada como feriado escolar pelo Decreto Federal 52.682, de 14 de outubro de 1963.