Dissertação do PPGP sobre educação bilíngue é defendida com interpretação simultânea em Libras

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Gestão e Avaliação da Educação Pública propõe ensino bilíngue para surdos na rede municipal de Juiz de Fora

Defesa da mestranda Carla Couto, do PPGP, contou com interpretação simultânea em libras

Na sexta-feira, 29 de agosto, aconteceu no Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (CAEd/UFJF) a defesa da dissertação “Investigando uma proposta de educação bilíngue (Libras/Português) em uma escola da rede municipal de Juiz de Fora”. Esse trabalho foi fruto da pesquisa de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Gestão e Avaliação da Educação Pública, oferecido pelo CAEd em parceria com a UFJF. A apresentação ocorreu na unidade Dom Orione e contou com interpretação simultânea em Libras, a Língua Brasileira de Sinais.

A pesquisa foi realizada pela fonoaudióloga, professora da UFJF e também intérprete de libras Carla Couto, que analisou turmas com alunos surdos da educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental na Escola Municipal Prof. Oswaldo Velloso, localizada no bairro Santa Luzia, em Juiz de Fora (MG). Nessas classes, já é oferecido ensino bilíngue (Português/Libras), com a presença de dois professores em sala de aula. Carla pretende agora fazer com que esse sistema seja ampliado para outras escolas da rede municipal da cidade.

“É importante que a proposta traga benefícios para outras pessoas, porque a questão da educação dos surdos ainda é algo que precisa melhorado. Eu pensei nessa pesquisa como forma de promover orientações que pudessem maximizar essa ampliação, e também para que o assunto ganhasse mais forma e visibilidade”, explica.

Entenda

De acordo com dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2010, mais de nove milhões de brasileiros possuem surdez total ou algum tipo de deficiência auditiva. Desses, cerca de 70% depende da linguagem de sinais para se comunicar. Em Juiz de Fora, conforme explicou Carla Couto, sempre existiu uma carência de investigação nessa área pois a educação para surdos acontecia apenas no âmbito da inclusão. No entanto, com a discussão do tema no meio acadêmico e a busca pelo cumprimento da legislação junto ao Ministério da Educação (MEC), esse panorama tende, aos poucos, a mudar.

Defesa aconteceu na unidade do CAEd Dom Bosco

“Hoje encontramos um cenário muito propício para discutir a questão da educação bilíngue. Já existem propostas na legislação, mas  ainda não acontecem de fato. As constatações que a gente pôde fazer nessa pesquisa são muito relevantes para que o ensino bilíngue seja realmente colocado em prática”, afirma.

Carla analisou turmas bilíngues em escola no bairro Santa Luzia, e agora quer expandir a ideia para outras escolas da rede municipal

Para a Doutora em Letras Carolina Magaldi, uma das orientadoras da pesquisa, o trabalho cumpriu a proposta do mestrado profissional do CAEd ao analisar um projeto inédito que vem acontecendo na escola municipal em questão e propor, a partir daí, que ele se torne uma política pública para a educação em Juiz de Fora, possibilitando que outras escolas utilizem seus elementos como diretrizes.

“A proposta do trabalho é fantástica. A Secretaria Municipal de Educação já estava querendo propostas novas, e a chegada desse projeto era o que estava faltando para que se desse o pontapé inicial”, completa Carolina.

A dissertação teve orientação da linguista e professora Dra. Ana Paula Peters Salgado, juntamente com a professora Dra. Carolina Magaldi, e a mestre e doutoranda em educação, professora Carla Silva Machado. Participaram ainda da banca de defesa a professora Dra. Hilda Micarello, da UFJF e a professora Dra. Fernanda Dias, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).