Mestrado promove Debate Essencial sobre o Futuro da Pós-Graduação Profissional
O Centro de Ciências da Universidade Federal de Juiz de Fora recebeu um importante debate sobre os rumos da pós-graduação profissional no Brasil. O evento relembrou os 15 anos do Mestrado Profissional em Gestão e Avaliação da Educação Pública e analisou as perspectivas para a criação de um Doutorado Profissional em Educação (DPE) na instituição. O professor Joaquim Neto, que conduziu o encontro, abriu os trabalhos destacando o impacto do programa, que já formou milhares de pessoas, incluindo gestores de alto nível como a ex-secretária do Ceará, Izolda Cela, e o atual Secretário de Educação de Minas Gerais. Neto classificou o mestrado como uma construção de grande porte.
Leonardo, Coordenador de Pesquisa na Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa da UFJF, que representava a Pró-reitora, Professora Priscila, salientou a forte atuação da UFJF na pós-graduação, que hoje conta com mais de uma dezena de programas profissionais. Ele enfatizou que a universidade tem trabalhado intensamente em planejamento estratégico e autoavaliação, pontos essenciais para crescer e atingir cada vez mais os níveis de excelência. Na sequência, Cassiano Caon, vice-coordenador do programa, lembrou que o CAEd dá o suporte necessário ao mestrado, destacando seu pioneirismo por ser o primeiro programa profissional do país focado especificamente nessa área da educação. Ele celebrou a marca de mais de 1.300 mestres e mestras formados com o objetivo de continuar formando gestores para as escolas públicas.
Um dos palestrantes convidados, Robert Evan Verhine, professor da UFBA e ex-coordenador de área de educação na CAPES, contextualizou o debate lembrando que, no início, havia uma resistência enorme contra os mestrados profissionais, citando que até a ANPEd tinha um documento contra. Verhine defendeu que a identidade própria do DPE é essencial, distinta do modelo acadêmico, para que não seja percebido como um doutorado de segunda categoria, mas sim como um programa prestigiado por seus méritos únicos. Segundo ele, o foco do acadêmico é a formação de pesquisadores, enquanto o profissional visa a formação de lideranças que sabem resolver problemas usando a profissão como laboratório para a resolução de problemas práticos no contexto profissional.
Adolfo Calderón, professor da PUC Campinas, alertou para o cenário geopolítico onde diversos países estão fechando seu conhecimento científico. Ele notou que, enquanto a Ásia expande fortemente seus DPEs, na Europa o modelo não vingou, e criticou a nova resolução do CNE por querer adotar um modelo europeu. Calderón argumentou que a avaliação atual, focada em processos e insumos, é inadequada; o que deveria ser avaliado são os resultados. Ele elogiou o CAEd como um exemplo de como ganhar em escala e defendeu que flexibilizar não significa perder qualidade, mas sim almejar uma formação mínima eficaz.
Complementando, Wagner Rezende, coordenador do programa, reforçou que existe uma demanda que vem da rede. Ele citou pesquisas que mostram a lacuna entre a teoria universitária e a prática dos gestores, que precisam de formações mais específicas, como saber usar o dinheiro ou desenvolver postura de liderança, resumindo a queixa de que exigem dos gestores o que não lhes dão. Encerrando as discussões, Lina Kátia, Diretora da Fundação CAEd, destacou a fundamental atuação da reitoria da UFJF para o sucesso da iniciativa. Ela relembrou que o mestrado surgiu com o objetivo claro de usar os estudos na gestão e avaliação educacional, promovendo o uso concreto dos resultados no chão da escola. Kátia enfatizou que a avaliação começa de verdade quando o resultado chega na rede e que o CAEd avançou significativamente na avaliação, cumprindo a missão de criar competência na rede para pilotar uma geração escolar.


